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Como se destacar em um mercado competitivo com técnicas de outbound

Um dia, recebi uma ligação de Carolina, sócia de um escritório de advocacia de médio porte especializado em direito empresarial. A voz dela no telefone já entregava a urgência:

“Marcelo, estamos perdendo mercado. Antes, as indicações bastavam para manter o escritório cheio, mas agora isso não é suficiente. Precisamos ir atrás dos clientes certos, mas não sabemos como fazer isso sem violar as regras da OAB ou parecer vendedores insistentes.”

Esse é um dilema comum. Muitos advogados acreditam que outbound é sinônimo de “forçar a barra”. Mas a verdade é que uma estratégia bem feita pode não apenas trazer os clientes certos, mas também posicionar o escritório como uma solução indispensável no mercado.

Carolina e sua equipe eram altamente qualificadas, mas estavam presas no modelo tradicional de esperar que os clientes viessem até elas. O problema? O mercado jurídico está mais competitivo do que nunca, e os grandes players estão cada vez mais agressivos em suas abordagens.

A solução não era esperar mais indicações ou investir em métodos genéricos de atração. A solução era montar uma máquina de outbound focada, estratégica e ética.

Passo 1: Identificar o Cliente Ideal

Começamos definindo o perfil do cliente ideal do escritório. Não adianta gastar energia tentando falar com todo mundo. No caso de Carolina, descobrimos que os melhores resultados viriam de empresas de médio e grande porte, especialmente aquelas enfrentando desafios regulatórios complexos em setores industriais e de tecnologia.

Depois de definir o perfil, criamos uma lista altamente qualificada. Como? Com pesquisa criteriosa:

  • Usamos ferramentas como LinkedIn Sales Navigator para mapear os diretores jurídicos, CFOs e CEOs das empresas-alvo.
  • Levantamos informações públicas sobre essas empresas para entender seus desafios e encontrar “pontos de entrada”.

Passo 2: Abordagem Personalizada

No outbound, cada contato precisa ser estratégico e feito sob medida. Não existe espaço para mensagens genéricas ou frias. Treinei a equipe de Carolina para criar uma abordagem personalizada, que começava com um e-mail ou ligação focada em identificar e antecipar dores específicas do cliente.

Um exemplo do que enviávamos por e-mail:
Olá, João. Recentemente notei que empresas do setor industrial, como a sua, estão enfrentando desafios crescentes com [mudança regulatória ou problema específico]. Trabalhamos com empresas similares para resolver questões como [exemplo de problema resolvido] e achei que poderia ser interessante entender sua perspectiva sobre isso. Podemos agendar uma conversa breve para explorar como podemos contribuir?

Observe que a mensagem não vende nada. Ela cria conexão e posiciona o escritório como um parceiro estratégico desde o primeiro contato.

Passo 3: Aquecer o Lead com Valor

Antes de uma reunião, o lead precisa perceber o valor do que você oferece. No caso de Carolina, implementamos uma estratégia onde, após o primeiro contato, o escritório enviava um material exclusivo e prático, como um estudo sobre os impactos de novas regulações em mercados específicos.

Esse tipo de conteúdo serve para duas coisas:

  1. Mostrar autoridade.
  2. Criar uma conexão mais forte antes da reunião.

Passo 4: Reuniões Consultivas e Follow-Ups Cirúrgicos

Com o lead aquecido, partimos para a reunião. Mas aqui está o segredo: em vez de usar o tempo para “vender” diretamente, Carolina e sua equipe focavam em diagnosticar os problemas do cliente. Faziam perguntas estratégicas que levavam o lead a refletir sobre seus próprios desafios, como:

  • “Qual o impacto financeiro de não ajustar esses contratos antes da nova regulamentação?”
  • “O que você sente que falta no suporte jurídico atual para resolver esse tipo de problema?”

Depois da reunião, o follow-up era objetivo. Nada de mensagens genéricas como “Apenas checando”. Em vez disso, mandávamos um resumo da conversa, destacando os principais pontos discutidos e sugerindo próximos passos claros.

Passo 5: Escalando o Outbound

Uma vez que o processo foi estruturado, era hora de escalar. Treinamos um time interno para replicar as estratégias e documentamos tudo em um playbook. Isso incluiu:

  • Scripts para abordagens iniciais.
  • Modelos de e-mails personalizados.
  • Um sistema de CRM para acompanhar o pipeline.

Carolina começou com uma lista de 100 empresas e, em seis meses, fechou contratos com cinco grandes contas – clientes que, sozinhos, triplicaram o faturamento do escritório.

Outbound no mercado jurídico não é sobre empurrar serviços. É sobre criar conexões estratégicas e oferecer valor desde o primeiro contato. Com a abordagem certa, é possível atrair clientes de alto valor de forma proativa, sem ferir o Código de Ética da OAB.

Se você, como Carolina, sente que está ficando para trás em um mercado competitivo, talvez seja hora de parar de esperar e começar a agir.